O LÚDICO NO ENFRENTAMENTO DA HOSPITALIZAÇÃO EM UNIDADE PEDIÁTRICA.

Resumo

O acesso ao lúdico imprime valiosa contribuição nos aspectos psíquicos, afetivos e emocionais porque contribui significativamente para a intelectualidade da criança e é essencial ao ambiente hospitalar, haja vista que nele os sujeitos, doentes ou acompanhantes, se encontram em um momento de fragilidade que requer atenção especial¹. Compete aos profissionais da saúde a busca pela melhoria da qualidade da assistência, visando novas formas de cuidar, que ultrapassem a rigidez dos modelos teóricos e práticos de condutas e procedimentos técnicos, e incorporar atividades pautadas na humanização e na valorização do lúdico em âmbito hospitalar². Durante as disciplinas de Enfermagem em Intensivismo I e II, foi proposto como atividade complementar a realização de uma atividade de extensão, a ser elaborada pelos acadêmicos, foi proposto então um projeto que pudesse levar ao ambiente hospitalar atividades que não sejam comumente realizadas, mas que são consideradas por diversos autores como essenciais a recuperação e manutenção da saúde da criança. Com base nisso, planejou-se a realização de atividades com intuito de promover aos internos em Unidade Pediátrica hospitalar o acesso as atividades lúdicas através da execução de atividades específicas para a faixa etária de cada criança institucionalizada, com o objetivo de promover a interação entre os internos e seus acompanhantes, bem como propiciar um ambiente lúdico por determinado período, visando a melhora na adaptação ao ambiente e ao tratamento. Intervenções complementares com atividades lúdicas visam reduzir o sofrimento relacionado ou acentuado pela dor, promovendo a qualidade de vida nas diversas fases do tratamento usual³. Durante o cronograma do projeto de ação foram realizados oito encontros na unidade pediátrica da Santa Casa de Caridade de Bagé entre os meses de maio e junho de 2017, em cada um deles os internos podiam optar por realizar atividades entre pintura, hora do conto, canto e dança, além de terem a oportunidade de assistir desenhos animados e receberem pintura artística no corpo, conforme opção da criança e autorização dos pais. As atividades foram realizadas com a autorização da Instituição Hospitalar, e por se tratar de uma unidade onde as internações são geralmente de curta permanência, foi possível abranger aproximadamente 15 crianças com as atividades propostas, os participantes tinham idade entre 2 e 10 anos e participavam sob supervisão dos acompanhantes. Em pediatria considera-se humanização um conjunto de ações adequadas a cada fase do desenvolvimento, que respeitem a criança em suas particularidades e identidade, devendo ser embasada em aspectos sociais, culturais e psicológicos que levam a um acolhimento carinhoso da criança e de sua família⁴, com base nisso, desenvolveu-se um trabalho com a participação dos acompanhantes, para que junto a estes fossem executadas atividades as quais as crianças já tivessem tido contato, como forma de facilitar a adesão as atividades propostas. Além disso, a participação dos acompanhantes nas atividades favorecia para que as mesmas fossem realizadas mesmo quando a equipe responsável pelo projeto não estivesse presente no ambiente hospitalar, humanizando o ambiente de internação e mantendo o vínculo familiar. Com a realização das atividades propostas foi possível evidenciar que proporcionou-se um momento onde os usuários esqueciam do ambiente de internação e apresentavam um novo olhar para todo o contexto, minimizando assim, as experiências sofridas durante a hospitalização. Também observou-se uma melhora no vínculo do usuário com a equipe ao longo do desenvolvimento das atividades, evidenciado pelo aumento gradativo no número de participantes com o passar dos dias.O resgate de sua identidade como criança também foi percebido durante a realização das atividades propostas, contribuindo para o enfrentamento da dor em sua hospitalização e consequente melhora da resposta ao tratamento, conforme é evidenciado por diversos autores de estudos científicos que envolvem a brinquedoterapia e humanização em ambiente hospitalar.