IMPACTOS DA PANDEMIA NOS ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO DA FRONTEIRA

Maria Carolina Incerti Muñiz

Resumo


O isolamento social foi a principal medida a ser tomada pelas autoridades responsáveis pela saúde mundial, com o intuito de evitar a propagação do coronavírus, causador da Covid-19. O vírus chegou ao Brasil em fevereiro de 2020 e pouco tempo depois as aulas e serviços foram suspensos, a vida dos brasileiros mudou em vários sentidos e todos tiveram que se adaptar às novas condições, com os estudantes não foi diferente. Esta pesquisa realizada em 2020, teve como objetivo conhecer e entender como a pandemia afetou a saúde mental e física dos estudantes do Ensino Médio das cidades de Santana do Livramento (Brasil, RS) e Rivera (Uruguai). Os dados foram obtidos através de um formulário digital (Formulários Google) compartilhado através do Instagram e WhatsApp, contendo 24 perguntas, destas 23 eram fechadas e uma aberta. O formulário foi respondido por 84 estudantes, sendo 76 brasileiros e 8 uruguaios, em sua maioria entre 15 e 16 anos, pertencentes ao sexo feminino e alunos do 1º ano do Ensino Médio. Mais da metade (57%) relataram terem saído de casa durante o isolamento social, porém, mantendo o uso de máscaras e o distanciamento. Muitos deles disseram ter conseguido tirar algum benefício do isolamento social. Aprender sobre si mesmo e ter tempo para focar em seus interesses foram os benefícios mais relatados. Em relação aos estudos, 33% frequentavam escolas que não possuíam infraestrutura e capacidade para atender as necessidades dos alunos durante a pandemia, e 46% acreditam que se adaptar a um novo método de ensino foi difícil e interferiu na aprendizagem. A maioria admitiu que a saúde mental foi mais afetada que a física, porém, relataram que notaram mudanças físicas como ganho ou perda de peso, dores de cabeça, cansaço da visão e dores nas costas. Quando questionados se a pandemia havia os tornando pessoas diferentes, mais de 80% responderam “sim”, e que sentem falta das festas, amigos e poder sair sem se preocupar com as medidas de proteção. Os relatos obtidos demonstram que os efeitos do isolamento social e da pandemia, de modo geral, afetaram severamente a saúde física e mental dos estudantes da fronteira. Estes efeitos devem-se sobretudo à mudança na rotina e os sentimentos negativos que o isolamento provocou, como, por exemplo, a angústia, a saudade, a solidão e a tristeza. Ao contrário do que muitos acreditam, a saúde mental e física estão intimamente relacionadas. Neste sentido, a prática de atividades físicas e o cuidado com a saúde mental são de extrema importância durante esse período. Também é importante que os jovens procurem formas de entretenimento, estudo e comunicação, para passar por esse momento difícil da melhor forma possível.


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