Capacitação para cuidador de idosos: Uma ação de extensão da Urcamp

ANA Carolina Lemos dos SANTOS, Leticia Janzen Martins, Marcia Cancio, Paulo Bueno, Fabio Ribas, Eliane Tavares

Resumo


CAPACITAÇÃO PARA CUIDADORES DE IDOSOS: Uma ação de extensão da Urcamp.

 

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a população de idosos do Brasil crescerá 16 vezes, entre os anos de 1950 e 2025, o que nos colocará como a sexta população de idosos do mundo, isto é, com mais de 32 milhões de pessoas com mais de 60 anos.

O número de idosos vem crescendo rapidamente este crescimento acelerado é fenômeno mundial, e o Brasil, em particular, é um país "jovem de cabelos brancos" (LEITE e FARIAS, 2005).

A sociedade ainda mostra-se ineficiente para proporcionar cuidados adequados aos cidadãos deste grupo etário. Um exemplo recente foi à constatação, pelo próprio Ministério da Saúde francês, da morte de 11.000 idosos por uma onda de calor no último verão na França.

A Política Nacional de Saúde do Idoso, aprovada em janeiro de 1994, tem como princípio que “a família, a sociedade e o Estado têm o dever de assegurar ao idoso todos os direitos da cidadania, garantindo sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade, bem-estar e direito à vida”. Preconiza, entre outras coisas, o apoio ao desenvolvimento de cuidados informais, com objetivo de manter sempre que possível, o idoso na comunidade, junto à sua família, da forma mais digna e confortável possível (BRASIL, 1994). Nesta mesma linha de pensamento, foi aprovado em 2003 pelo Congresso Nacional o Estatuto do Idoso, um conjunto de leis visando aperfeiçoar o usufruto dos direitos por este grupo crescente de cidadãos (FERNADES e SOARES, 2012).

O cuidado da pessoa idosa exige um conhecimento de vários aspectos que muitos destes não são de conhecimento da família, que é o cuidador “principal”, e nem por parte de pessoas que muitas vezes é contratada para cuidarem destes indivíduos, sem nenhuma formação, pois por fatores econômicos, os familiares não têm condições de pagar profissionais habilitados.

Na nossa realidade este fato é muito frequente as pessoas passam de domesticas para cuidadores ou acompanhantes de idosos, fato preocupante em virtude que nesta faixa etária existem alguns episódios que devemos ter muita atenção e cuidado, mas com um pouco de conhecimentos podem ser prevenidos.

Desta forma a capacitação para cuidadores de idoso teve como objetivo oportunizar aos participantes uma qualificação profissional proporcionando uma melhora na renda destes indivíduos, estimular a educação em saúde e proporcionar conhecimento sobre envelhecimento, doenças relacionadas ao idoso, manejo com o idoso, alimentação do idoso, higienização do idoso acamado; além de incentivar a todos participantes a estudar e se preparar para o mercado de trabalho.

A capacitação objetiva a formação profissional dos membros da comunidade, proporcionando dessa forma, uma habilitação para inserção dessas participantes no mercado de trabalho, com a competência mínima necessária para desempenharem papel de cuidadores de idosos.

Justificamos que uma boa capacitação, aliada a oportunidades e interesse genuíno nas pessoas para a obtenção de uma renda extra, pode transformar o quadro social dessas pessoas que hoje não contemplam saídas para suas crises econômicas e sociais.

Conforme Souza et al. (2007), educação em saúde é uma estratégia de cuidado ao cuidador leigo, percebemos uma oportunidade de preparar pessoas para o trabalho de cuidador, aliado ao problema da falta de empregos e de expectativa de melhora da comunidade, com isso, foi proposto a capacitação de cuidador de idosos.

A capacitação foi realizada no bairro Morgado Rosa da cidade de Bagé- RS, no período de abril a junho de 2016, sendo um encontro semanal. Foram abertas vinte vagas para a capacitação, as inscrições foram realizadas na Unidade Básica de Saúde. Os Critérios para participarem da capacitação era ser maior de 18 anos e saber ler e escrever.

A capacitação teve sua divulgação em pontos estratégicos do bairro, como as paradas de ônibus, escolas, mercados e na UBS. Na primeira semana as vagas foram preenchidas.

No primeiro encontro foi explicado aos participantes como seria a sistemática de trabalho, os alunos não poderiam ter mais de 3 faltas e deveriam realizar a avaliação no final dos módulos. Os encontros foram ministrados na Escola Municipal E F do bairro.

Iniciamos com quatorze pessoas no primeiro encontro, ao final se capacitaram nove mulheres.

Os acadêmicos da universidade elaboraram uma apostila com os conteúdos que seriam abordados em cada encontro para facilitar o processo de aprendizado.

A apostila foi composta pelos seguintes itens: envelhecimento, cuidados, emergências no domicílio, doenças mais comuns no idoso, exames preventivos do idoso, higiene, cuidados com pessoas acamadas, alimentação saudável, cuidados com a medicação e psicologia do idoso.

Os temas foram conduzidos pelos alunos dos cursos enfermagem, fisioterapia e psicologia, e odontóloga da UBS que abordou o tema higiene bucal em idosos, além da acadêmica de nutrição com o tema de alimentação do idoso.

Totalizamos dez (10) encontros, infelizmente ao final fechamos com apenas nove (09) participantes, consideramos este fato um aspecto a ser refletido os motivos desta evasão, será a falta de persistências das pessoas ou desmotivação, pois no primeiro dia pactuamos com todos a necessidade de participarem dos encontros para garantir o certificado e foram questionados sobre o horário estava adequado a eles, e todos concordaram com as nossas colocações.

Os relatos dos participantes foram muito significativos suas dúvidas foram saneadas, até porque muitos já tinham trabalhado como cuidador de idosos ou tem familiares nesta faixa etária. Também podemos detectar que os itens abordados serviram para suas vidas pessoais, principalmente os conteúdos sobre alimentação e hipertensão.

Ao final do curso foi realizada uma avaliação, todas tiveram um ótimo aproveitamento.  A última questão da avaliação era em relação à importância da capacitação para sua vida pessoal das participantes, obtivemos respostas positivas, foi relatado que elas se sentiram mais preparadas para atuar no mercado de trabalho e perceberam a importância da busca de novos conhecimentos. Finalizamos com uma confraternização

Com está capacitação podemos afirmar que existe muitas pessoas interessadas em mudar de vida e terem novas oportunidades de entrar para o mercado de trabalho, tendo mais condições e segurança de exercerem uma atividade, para a qual foram capacitadas.

 

BRASIL, Lei 8.842/1994 (LEI ORDINÁRIA) 04 de janeiro de 1994 DISPÕE SOBRE A POLÍTICA NACIONAL DO IDOSO, CRIA O CONSELHO NACIONAL DO IDOSO D.O.U. DE 05/01/1994, p. 77. Disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8842.htm Acesso em: 22 de março de 2016.

 

FERNANDES, Maria Teresinha de Oliveira e SOARES, Sônia Maria. O desenvolvimento de políticas públicas de atenção ao idoso no Brasil. Rev Esc Enferm USP 2012; 46(6):1494-1502. Disponível em:  http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v46n6/29.pdf Acesso em: 11 de agosto de 2016.

 

LEITE Mauro Guimarães e FARIA Luciano Bento de. Manual para Cuidadores Informais de Idosos. Secretaria Municipal de Gestão e Controle - Departamento de Controle Preventivo. 2005. Disponível em: http://www.campinas.sp.gov.br/sa/impressos/adm/FO087.pdf Acesso em: 18 de março de 2016.

 

SOUZA, Lucas Melo de; WERNER, Wiliam; GORINI, Maria Isabel Pinto Coelho. Educação em saúde: Uma estratégia de cuidado ao cuidador leigo. Revista Latino Americana de enfermagem. Ribeirão Preto. v.15, n.2, mar/abr. 2007.

 


Palavras-chave


Capacitação idosos

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