ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA NA INFÂNCIA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA NUM CONTEXTO FRONTEIRIÇO

Luiza Silva, Danielle Dornelles, Ingrid Letícia Vieira, Fabiana da Silva

Resumo


Embora o Uruguai e o Brasil estejam tão próximos uns dos outros, a resistência em aprender a língua do país vizinho é perceptível de ambos os lados, especialmente em se tratando da fronteira Sant'Ana do Livramento (BR) e Rivera (UY). Levando em consideração tal questão, desenvolveu-se o projeto de extensão Mala da leitura: porque ler é também viajar… O mesmo está sendo realizado no Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSUL), no campus Santana do Livramento e terá duração de um ano.  O referido projeto é desenvolvido em parceria com duas escolas públicas, (sendo uma brasileira e outra uruguaia) e tem como intuito ampliar os espaços de uso da língua estrangeira, de modo que, tanto o público-alvo (crianças entre cinco e sete anos) quanto as bolsistas que compõe a equipe executora (discentes do IFSUL), possam se comunicar de maneira eficaz em ambas as línguas (português e espanhol).  É importante salientar que esse trabalho terá como foco relatar a experiência obtida na escola uruguaia, ou seja, neste caso, as crianças aprendem o português como língua estrangeira. Quanto às atividades desenvolvidas nessa escola, pode-se dizer que essas são realizadas por meio da contação de estórias de livros infantis, lidos sempre em português e acompanhadas de atividades lúdicas. Em outras palavras, procura-se utilizar diversos métodos de trabalho, como, por exemplo, a leitura de estórias com o auxílio de fantoches, marionetes e/ou fantasias. Quanto à faixa etária, pode-se dizer que a idade, segundo Ferreira e Santos (2010, p. 130), “é uma das características do aprendiz. Essa característica é mais fácil de definir e de medir comparada a outras, tais como aptidão, motivação etc.”. Conforme Pereira e Peres (2011, p. 41), "a descoberta mais importante da criança ocorre por volta dos dois anos de idade, quando as curvas da evolução do pensamento e da fala se encontram e se unem para desenvolver o pensamento verbal". Assim sendo, pode-se dizer que quanto mais cedo a criança for exposta a uma segunda língua, mais chances ela terá de ter uma pronúncia com muito menos marcação da língua materna e mais cedo desenvolverá a sua compreensão oral. Aprender outras línguas durante a infância pode ser muito benéfico, visto que crianças costumam aprender um segundo idioma com mais facilidade, uma vez que ainda não são tão “apegadas” à língua materna e não demonstram tanta resistência para aprender algo novo. Seguindo essa linha de raciocínio, estudiosos como Nascimento e Santo (2013, p. 30), sustentam que "a criança, desde muito cedo, é exposta a uma gama considerável de vocabuláriose expressões em outra língua, sem perceber que esses termos não fazem parte de sua língua materna". Enquanto isso, Heloisa Tambosi (2015), diretora pedagógica da Language in Life, defende que, uma vez motivada, a criança aprende uma segunda língua de forma mais natural e livre de pressões (se comparada a um adulto). Os benefícios de se aprender línguas estrangeiras na infância são vários, entre esses é possível destacar, por exemplo, a prevenção de algumas doenças. Para que se tenha ideia, quando aprendida na infância, a língua estrangeira pode prevenir doenças como Alzheimer, além de  melhorar a fala e a articulação da criança, aumentar a sua percepção auditiva, estimular o seu cérebro e ajudar na estruturação do pensamento, o que pode facilitar a sua comunicação e o aprendizado de outros idiomas. Trabalhar uma segunda língua com crianças, além dos benefícios apresentados, contribui também para o desenvolvimento de áreas cognitivas e capacidades afetivas.  Em resumo, até o momento, pôde-se observar uma melhora na compreensão (escuta) e na produção oral (fala) do público-alvo. Cabe ressaltar que a maior parte das crianças uruguaias possui algum tipo de contato com a língua portuguesa fora da sala de aula.  No que diz respeito às bolsistas, pode-se dizer que essas estão mais envolvidas como o projeto e mais compreensíveis, isto é, estão percebendo que cada criança tem o seu tempo de aprendizagem e que cada uma possui suas particularidades (facilidades e dificuldades), o que lhes exige maior atenção e sensibilidade na execução das atividades. 

Referências bibliográficas: 

FERREIRA, I. K. S; SANTOS, L. F. A aprendizagem de língua estrangeira nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Porto Alegre: Letrônica, v.3, n.1, julho 2010.

NASCIMENTO, Dioene Carneiro; SANTO, Eniel do Espírito. O despertar da segunda língua na primeira infância:uma análise sob a perspectiva neuropsicológica. Cadernos Intersaberes, 2013, p. 18-37. 

PEREIRA, Ane Caroline de Souza; PERES, Maria Regina. A criança e a língua estrangeira: Contribuições Psicopedagógicas para o processo de ensino e aprendizagem. Construção Psicopedagógica, São Paulo-SP, 2011, p. 38-63. 

TRAMONTIN CÂMARA, M. A importância da leitura na alfabetização. Trabalho de conclusão de curso. Criciúma: Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC), 2009.

Site consultado: <http://languageinlife.com.br/noticias/10-beneficios-para-criancas-que-aprendem-uma-2a-lingua-na-infancia/> Acesso 15/07/2016.



Palavras-chave


Língua estrangeira; Infância; Contação de estórias.

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