CONTAÇÃO DE ESTÓRIAS EM LÍNGUA ESTRANGEIRA PARA CRIANÇAS BRASILEIRAS E URUGUAIAS: DA TEORIA À PRÁTICA
Resumo
A presente proposta tem como objetivo apresentar o trabalho realizado pelo projeto de extensão Mala da leitura: porque ler é também viajar..., o qual é desenvolvido no Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSUL), campus Santana do Livramento, e tem como finalidade propiciar momentos de leitura, de prazer e de aprendizagem a crianças em processo de alfabetização, bem como facilitar o desenvolvimento das destrezas oral e escrita. Por estar inserido em uma região de fronteira (Brasil/Uruguai), pretende-se também criar um ambiente no qual tanto o público-alvo (crianças entre cinco e sete anos) quanto as bolsistas (nove discentes do IFSUL) possam ampliar o contato com a língua do país vizinho, ou seja, os santanenses teriam maior contato com o espanhol e os riverenses com o português. Esse projeto terá duração de um ano e contempla alunos de duas escolas públicas em ambos os países, especialmente crianças em condições de vulnerabilidade social. Atualmente, são desenvolvidas diversas atividades de leitura e de interpretação com duas turmas (uma brasileira e outra uruguaia), cada turma contendo em média quinze alunos. Levando em consideração as questões apresentadas, pode- se dizer que esse projeto, bem como a escolha do público-alvo, justificam-se mediante o fato de que “o aluno só saberá a importância da leitura se criar o hábito e sentir o prazer em ler, porque a Literatura é a representação de uma cultura, sendo de fundamental importância no desenvolvimento intelectual da criança” (TRAMONTIN CÂMARA, 2009, p.10). De acordo com a autora, a Literatura tem um importante papel no desenvolvimento das crianças, antes mesmo do período de alfabetização, uma vez que a “relação do aluno com o universo simbólico não se dá apenas por uma via – a verbal” (ORLANDI, 2006, p. 38), mas também por meio de diferentes formas de linguagem e a sua relação com o mundo. Segundo Alves (2004, p. 48) “as crianças são curiosas naturalmente e têm o desejo de aprender. O seu interesse natural desaparece quando, nas escolas, a sua curiosidade é sufocada pelos programas impostos pela burocracia governamental.” Nesse sentido, Tramontin Câmara (2009, p. 10) sustenta que “ensinar a ler e escrever por meio de histórias infantis faria com que essa tarefa ficasse muito mais prazerosa e simples”, o que contribuiria para a formação de “leitores assíduos, bons escritores e profissionais criativos”. Em outras palavras, depois de imerso nesse contexto, o aprendiz pode ampliar a criatividade, a imaginação, o vocabulário, a capacidade de abstração e de atenção para realizar atividades mais complexas. No que tange ao trabalho envolvendo dois idiomas, esse pode ser justificado com base na concepção de que aprender uma segunda língua durante a infância contribui e muito para o crescimento pessoal e intelectual das crianças, uma vez que o estudo de idiomas estimula as funções cognitivas, o que, consequentemente, facilita o aprendizado de outras disciplinas. Para tanto, a metodologia deve estar voltada para o seu universo, o que lhe possibilitará vivenciar uma segunda língua de uma forma muito prazerosa, facilitando, assim, a sua aprendizagem. Quanto à organização do projeto, o mesmo está dividido em quatro momentos, a saber: 1) Primeiramente, são realizados encontros quinzenais com as bolsistas a fim de que essas compartam suas experiências e anseios; 2) A seguir, são selecionadas as estórias que serão contadas em cada uma das escolas; 3) Logo após, as bolsistas confeccionam os materiais que serão utilizados durante a contação das estórias, tais como fantasias, marionetes e fantoches, por exemplo; 4) E, por fim, cada grupo de bolsistas realiza visitas às escolas parceiras. No que diz respeito aos resultados obtidos, pode-se dizer que, até o momento, observou-se uma melhora considerável na aprendizagem das crianças envolvidas no projeto, principalmente, daquelas que tinham muita dificuldade de escrita, de leitura e de interpretação. Também foi observado o envolvimento e comprometimento de grande parte do público-alvo, inclusive dos alunos mais introvertidos que, ao se sentirem mais à vontade com as bolsistas, acabam participando muito mais das atividades propostas.
Referências bibliográficas:
ALVES, R. O Desejo de Ensinar e a Arte de Aprender. Campinas: Fundação EDUCARD Paschoal, 2004.
ORLANDI, E. P.. Discurso e Leitura. São Paulo: Cortez, 2006.
TRAMONTIN CÂMARA, M. A importância da leitura na alfabetização. Trabalho de conclusão de curso. Criciúma: Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC), 2009.
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