A representação do luto na poesia contemporânea: um estudo comparativo
Resumo
A experiência do luto acompanha a humanidade ao longo da história, sendo constantemente ressignificada pela cultura e pela literatura, que atua como espaço de reflexão entre ausência e presença. Nesse contexto, a poesia contemporânea se apresenta como instrumento sensível para elaborar a dor e transformá-la em linguagem partilhável. Este trabalho tem como objetivo investigar comparativamente as formas de representação do luto na poesia contemporânea, com base em poemas da coleção “Círculo de Poemas”, iniciativa da editora Fósforo em parceria com a Luna Parque. A pesquisa integra o projeto “Circular a Poesia: temáticas, formas e tendências na coleção Círculo de Poemas”, desenvolvido no Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul), campus Bagé, e adota abordagem qualitativa e interpretativa voltada à análise literária comparativa. Foram realizadas leituras críticas de obras da coleção de 2023, das quais se selecionaram três títulos: Holograma, de Mariana Godoy; Poesia Reunida, de Donizete Galvão; e A Costureira Descuidada, de Tjawangwa Dema. A escolha baseou-se em critérios temáticos, priorizando poemas que abordam experiências de perda e elementos simbólicos ligados à ausência, memória e corpo. Os resultados indicam que o luto assume representações distintas: em Godoy, a ausência aparece de modo íntimo e repentino, marcada pela juventude e pela tentativa de conciliar o cotidiano à falta; em Galvão, a perda é expressa como permanência, por meio de objetos e memórias que resistem ao tempo; e em Dema, o luto se manifesta coletivamente, permeado por rituais e tradições africanas que ressaltam o papel social da viúva e o caráter comunitário da dor. As diferentes abordagens revelam como a poesia contemporânea ressignifica o luto conforme contextos culturais e históricos diversos, transformando a experiência individual em partilha simbólica. Conclui-se que a literatura, ao tratar da morte e da ausência, reafirma seu papel de resistência e de preservação da memória humana, tornando-se um espaço de reflexão e reconstrução diante da finitude.
Palavras-chave: memória, simbolismo,ausência.
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