AS INSTITUIÇÕES DE BIZÂNCIO DURANTE O PERÍODO ICONOCLASTA

Maximiliano Guerra

Resumo


O estudo da história de Bizâncio é complexo, e eras como a Iconoclasta se destacam como tema de constantes revisões e controvérsias acerca de si e suas características. Neste trabalho pretendemos analisar as instituições bizantinas durante o Período Iconoclasta tendo em consideração tanto pesquisas mais antigas quanto novos estudos historiográficos, a fim de poder assim compreender melhor o debate historiográfico existente e acrescentar a ele nossas próprias conclusões. Começamos buscando nos acontecimentos imediatamente anteriores ao iconoclasmo as bases para o seu desenvolvimento, e também abordamos o debate imagético no contemporâneo Califado Omíada e sua possível relação com o bizantino através de intercâmbios culturais e diplomáticos. Então passamos ao estudo das medidas de Leão III, com destaque à seu novo código legal, Écloga, uma readequação do direito romano à realidade política de um império cristão. Passamos então às enérgicas medidas de Constantino V, que protagonizou uma forte intervenção nos assuntos eclesiásticos pretendendo assim assegurar o fim da veneração aos ícones. Também examinamos a oposição eclesiástica à tal política, e como ela se enquadra no contexto de um debate amplo entre o povo bizantino acerca do tema. Inferimos que esse debate e suas consequências também abarcavam o restante da cristandade calcedoniana, que ainda tentava manter uma doutrina unificada. Prosseguimos avaliando as circunstâncias e motivos que levaram Irene a reverter as medidas de seu sogro, e como essa decisão estava intimamente ligada à conjuntura  política na qual se encontrava o Império. Continuamos investigando as profundas reformas fiscais e administrativas de Nicéforo, um burocrata iconófilo que buscava o fortalecimento da autoridade imperial e estatal, bem como a reestruturação da organização militar bizantina com vias a um alívio nas contas públicas. Então analisamos a restauração do Iconoclasmo sob Leão V, e as razões para o resgate dessa política décadas após sua extinção. Observamos os efeitos dessa retomada sobre o debate político de Bizâncio, e a associação do Iconoclasmo com maior estabilidade política e sucesso militar. Teófilo, o último dos imperadores iconoclastas, parece representar essa ligação ao decidir intensificar subitamente suas políticas radicais contra os ícones em face de derrotas, conspirações e desastres naturais. Esse quadro se contrapõe a um governante habilidoso que investiu no crescimento diplomático e cultural de Bizâncio. Esse progresso e suas consequências para a estabilidade imperial formarão justamente as condições necessárias para o fim do iconoclasmo enquanto resposta às realidades materiais do Império.


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