Lixo Eletrônico: uma análise de duas organizações que atuam no ramo de provimento de acesso a internet no Município de São Gabriel, Rio Grande do Sul
Resumo
O lixo eletrônico se difere física e quimicamente dos outros tipos de lixo, sendo composto por materiais perigosos, alguns até com valor agregado ou contaminantes que necessitam de manejo correto para que não afetem os ecossistemas e recursos naturais caso sejam descartados incorretamente. Reciclar pode ser uma saída para alguns componentes como o Cu, Ag e Au, porém existe um alto custo para manusear e reaproveitar esses materiais. Sendo assim, alguns países mais desenvolvidos costumam enviar seu lixo eletrônico para alguns países em desenvolvimento, onde as leis ambientais não são rigorosas e há interesse em manuseá-los apesar dos riscos à saúde. Até 2010 a legislação brasileira não obrigava as empresas a realizarem de fato a logística reversa. As grandes companhias deixavam a cargo de oficinas de assistência técnica autorizadas a receptação e destinação dos eletrônicos em desuso. Essa destinação muitas vezes não era a correta, podendo acontecer no lixo comum. Somente em 2010 aprovou-se a Política Nacional de Resíduos Sólidos definindo os parâmetros da logística reversa e responsabilizando os fabricantes pelos seus produtos. Hoje, a Lei Federal nº 12.305 dá suporte a logística reversa, regulando e ordenando fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes a criarem uma rede de coleta e destinação de eletrônicos em desuso. Porém, apesar da crescente pressão das organizações não governamentais, como o Greenpeace, a informação não chega para uma parcela da população, que acaba não fazendo sua parte, seja no descarte ou na simples conscientização.Nos próximos cinco anos, um bilhão de computadores serão aposentados e descartados, o que somado a outros eletrônicos em nível mundial, geram anualmente 40 milhões de toneladas de lixo tecnológico que, em grande parte não terá a destinação correta. Em função da relevancia da problemática ambiental, este trabalho tem como objetivo caracterizar o descarte de lixo eletrônico em duas organizações que atuam no ramo de provimento de acesso a internet no Município de São Gabriel (RS). Primeiramente foi realizado um levantamento bibliográfico sobre gestão ambiental nas organizações e o descarte de lixo eletrônico. Posteriormente, foi elaborado um instrumento de coleta de dados, contendo dez questões, sendo seis perguntas abertas e quatro perguntas fechadas sobre descarte de lixo eletrônico. A coleta de dados ocorreu pessoalmente, no mês de julho de 2016. Foram realizadas duas entrevistas com organizações que atuam no ramo de provimento de acesso a internet no município de São Gabriel. Na sequência, os dados foram transcritos e analisados. Os entrevistados foram codificados para garantir o sigilo das informações e foram denominados O1 (Organização 1) e O2 (Organização 2). Após a análise constatou-se que nas duas empresas investigadas o motivo que leva a renovação dos equipamentos é o fato dos equipamentos estarem defasados tecnologicamente. Os dois respondentes salientaram que sabiam que a destinação indequada dos materiais causam danos a saúde e ao meio ambiente e por isso, ambos encaminham para uma empresa terceirizada para dar a destinação correta. Por fim, verificou-se que há falta de conhecimento das empresas sobre a logística reversa o que comprova que atualmente a preocupação central é o transporte desses materiais para outros locais e não com a reciclagem ou reutilização dos componentes.
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