CARACTERIZAÇÃO FISIONÔMICO-FLORÍSTICA DA VEGETAÇÃO NA UNIDADE DE PAISAGEM "CERRO DA CASCAVEL", ALEGRETE/RS

DIENIFER NOETZOLD BLASKESI SILVEIRA, FABIANO ALVES, VANÍSIA DIAS

Resumo


O oeste do Rio Grande do Sul possui uma vegetação predominantemente campestre mas nunca, completamente desprovida de elementos arbóreos e/ou arbustivos, fato que, não raras vezes confere à fisionomia aspectos diferenciados. Nesta região são desenvolvidas inúmeras ações antrópicas de cunho agrosilvopastoril que afetam diretamente a vegetação nativa. Frente a esta realidade verifica-se que os morrotes, unidades geomorfológicas comumente designadas como “cerros”, servem de refúgios naturais a estas espécies. Neste sentido, é que esta pesquisa, ainda em desenvolvimento, iniciou-se no “Cerro da Cascavel”. O polígono que delimita a área de estudo foi estabelecido e georreferenciado, utilizando o GPS marca Garmin GPS Map 60CSx, o software GPS TrackMaker, imagens de satélite e registros visuais e fotográficos obtidos em campo. Para caracterização fisionômica e identificação das espécies foi aplicado o método de caminhamento em toda área, sendo as espécies previamente identificadas “in loco”, e também coletados materiais vegetativos e reprodutivos para posterior identificação precisa em laboratório. O cerro da Cascavel está localizado sob as coordenadas geográficas 29° 55’ 55” S e 55° 26’ 55” W, distante aproximadamente 32 Km, a sudeste da cidade de Alegrete/RS. Este ocupa uma área de 10.000 m², apresenta uma altitude máxima de 187 m de altura e amplitude com cerca de 20 metros, configurando-se como uma unidade de paisagem diferenciada, pois rompe a monotonia suave ondulada do relevo regional e ergue-se como um morrote rochoso. A cobertura vegetal apresenta variações fisionômicas e florísticas, reunindo nanofanerófitas, plantas suculentas e microfanerófitas xerófilas, com espécies endêmicas e/ou raras. Na encosta, dispersas entre blocos de rochas, de modo a formar um anel periférico de vegetação arbustiva-arbórea, salientam-se, sob o ponto de vista fisionômico: Agarista eucalyptoides, Tabernaemontana catharinensis, Sapium haematospermum, Cereus hildmannianus, Vitex megapotamica, Ficus luschnathiana, Miconia hyemalis, Casearia sylvestris, Chrysophyllum marginatum, Campomanesia hatschbachii, Eugenia arenosa, Eugenia pitanga, Psidium incanum , Psidium luridum, Hexachlamys humilis, Solanum mauritianum, Smilax campestres, Butia lallemantii, Syagrus romanzoffian, Blepharocalyx salicifolius, Lithraea molleoides, Cupania vernalis, Prunus myrtifolia, Zanthoxylum fagara, Zanthoxylum rhoifolium, Allophylus edulis, Erythroxylum microphyllum, entre outras. Em seu topo plano de solo raso e com áreas de rocha exposta, concentram-se, normalmente plantas herbáceas, bromeliáceas, cactáceas e até pequenos arbustos, como  Froelichia tomentosa, Oxypetalum campestre, Achyrocline marchioriiBaccharis pampeana, Baccharis riograndensis, Gochnatia cordata, Lessingianthus macrocephalus, Porophyllum lineare, Tagetes ostenii, Vernonia brevifolia, Bernardia multicaulis, Jathropha isabellei, Jatropha pedersenii, Sebastiana serrulata, Chamaecrista flexuosa, Macrosiphonia sp., Galium  megapotamicum, Scoparia plebeja, Petunia axillaris, Waltheria communis e Hypericum connatum. Diante da atual realidade regional onde as ações antrópicas descaracterizam a vegetação original, em um ritmo muito acelerado, constata-se que estes morrotes apresentam-se como verdadeiras unidades de conservação da natureza, pois oferecem asilo as espécies vegetais remanescentes, que vem sofrendo com as ações ambiciosas e deliberadas do homem. 


Palavras-chave


bioma Pampa; vegetação nativa; conservação.

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