INSERÇÃO DE TRANSEXUAIS E TRAVESTIS NO MERCADO DE TRABALHO NA CIDADE DE BAGÉ/RS: Um Estudo de Caso

JESUS GUILHERME DE MORELES RODRIGUES, Christian Guimarães Severo

Resumo


Introdução: Em um contexto geral, a comunidade LGBT vem lutando e conquistando seu espaço na sociedade, porém a inserção de travestis e pessoas transexuais no mercado de trabalho ainda é um grande tabu. A falta de oportunidade e exclusão social deste segmento, em grande maioria acaba levando-os para o mundo da prostituição. O preconceito ainda está muito presente em nosso mercado de trabalho, não somente com o público LGBT, mas em um contexto geral, existem muitas pessoas que são discriminadas por não estarem dentro dos padrões impostos pela sociedade brasileira. Estar fora destes padrões possivelmente seja uma das principais características que  influenciam a exclusão de travestis e pessoas trans do mercado de trabalho. Objetivo: Abordar a situação empregatícia formal de travestis e pessoas transexuais em estabelecimentos comerciais na cidade Bagé/RS. Metodologia: A presente pesquisa tem natureza exploratória, bibliográfica e estudo de caso com análise qualitativa e quantitativa dos dados obtidos. Na qual foi elaborado um questionário que serviu como instrumento para avaliar a situação empregatícia de travestis e transexuais no comercio da cidade de  Bagé, visando coletar dados que fornecem informações para analisar a situação atual de trabalho formal dos mesmos. Com este questionário foi coletado o número de funcionários de cada loja, quantos deles eram travestis ou transexuais, se a loja contratou travestis ou transexuais nos últimos anos, se é frequente a presença dos mesmos em processos de seleção da empresa e qual seria o principal motivo para contratar ou não funcionários com essa orientação sexual. Resultados: Participaram da pesquisa 12 lojas do comércio de Bagé, com segmentos comerciais diferentes, sendo que os dados foram coletados no mês de julho de 2017, totalizando um número de 1198 funcionários entres as empresas entrevistadas. Destas, 75% não tem nenhum funcionário trans/travesti, 16,67% tem um funcionário trans/travesti e 8,33% tem dois funcionários travestis. Em relação a terem contratado funcionários deste segmento nos últimos anos 33,33% das empresas já tiveram trans/ travestis em seu quadro de colaboradores e 66,67% nunca contrataram, relacionado a frequência de trans/travestis em seus processos de recrutamento e seleção 33,33% das empresas dizem é frequente a presença do segmento e 66,67% dizem que não. Observou-se também que 16,67% das empresas não efetuam a contratação sem justificativa plausível, 25% alegam não receber currículos; 8,33% dizem que pessoas trans/travestis não se encaixam no perfil de funcionários do estabelecimento  e 6,50% dizem avaliar somente o potencial e a qualificação dos possíveis candidatos à vagas de emprego. Conclusão: Conclui-se que existe uma grande dificuldade para a inserção do público alvo desta pesquisa no comércio da cidade de Bagé, talvez a falta de informação e de conhecimento sobre identidade de gênero e orientação sexual  seja o fator mais agravante para a exclusão deste público no mercado de trabalho. Discriminar, impor padrões a serem cumpridos por possíveis candidatos, não avaliar suas capacidades profissionais, tratar de forma depreciativa podem ser consideradas ações criminosas, mesmo que muitas vezes de forma involuntária por não saberem lidar com as diferenças de padrões sociais. Diante disso, verifica-se a importância deste trabalho para uma reflexão sobre o assunto que possa vir a estimular a inserção de travestis e transexuais no comércio da cidade de Bagé.

Palavras-chave


Palavras-chave:Travestis, Transexuais, Preconceito.

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