A ÉTICA JORNALÍSTICA NO FILME CONSPIRAÇÃO E PODER

GABRIEL PALOMINO DE BEM, AUGUSTHO DA COSTA SOARES, CRISTIANE PINTO PEREIRA

Resumo


O cinema possui uma grande atração pelo jornalismo. Talvez a razão para isto seja pelo “glamour da mídia”, por outro lado, a atividade da profissão pode ser comparada à função de personagem, pois o profissional da comunicação, na sua rotina de trabalho, localiza problemas, investiga suas causas, descobre fatos e apresenta soluções na forma de publicações. O jornalista é, de fato, o narrador da história viva, o que tem o controle da realidade, por ser o primeiro a deter a informação. Os filmes de jornalismo acabam tendo um caráter de “documentário dos bastidores”. Com base nas imagens oferecidas pelas representações cinematográficas, o conceito de jornalista e o jornalismo no cinema são exibidos no filme Conspiração e Poder (2015). O longa é baseado no livro em que a jornalista Mary Mapes conta a história dos bastidores do escândalo que abalou sua carreira como produtora e manchou a reputação do veterano âncora, Dan Rather. Próximo às eleições norte-americanas de 2004, quando o então Presidente George W. Bush buscava a reeleição, os jornalistas do programa “60 minutes” procuravam comprovar as suspeitas de que o republicano teria usado a influência de seu sobrenome e contatos para ser privilegiado durante o período da Guerra do Vietnã. Assim, o objetivo do seguinte trabalho é discutir as questões éticas do jornalismo analisando a forma como a produção cinematográfica representa os fatos ocorridos e as ações tomadas pelos profissionais, que desencadearam em suas demissões devido ao uso de documentos falsos, denegrindo a credibilidade dos envolvidos na veiculação da reportagem. Para isto, será realizada uma pesquisa qualitativa e uma análise de conteúdo de cenas em que esta temática esteja exposta. Em um determinado momento da trama os jornalistas se encontram em um entrave, quando a poucas horas da transmissão precisam escolher quais partes seriam cortadas do programa que iria ao ar. Neste instante, percebemos que o prazo e o espaço disponível influenciam no produto final, acarretando em lacunas que comprometem a informação. Outra observação que podemos tirar do filme é o valor das fontes e a importância da autenticação dos dados e esclarecimentos introduzidos na notícia, já que o complicador foi a falta de testemunhos e provas de que os fatos e documentos eram verídicos. No decorrer do longa, seguimos a rotina da equipe que tenta achar evidências que incriminem o Presidente em exercício, porém, sem êxito, se contentam com informações refutáveis impostas por uma única fonte que se demonstrou descontente com os intuitos da reportagem. Com a polêmica que se deu, devido aos motivos já citados, os jornalistas se tornaram o foco das circunstâncias que eles mesmos criaram. Esta realidade pôde ser observada no instante em que o filho de Mary, avista, pela janela de sua casa, representantes de veículos de comunicação. Entretanto, nem tudo na produção demonstra falta na ética do grupo de profissionais, visto que, nos minutos finais, o âncora Dan Rather assume os erros cometidos pela equipe, em rede nacional. Portanto, concluímos que, devido à pressão do prazo e espaço disponível, a falta de comprovação das fontes e a influência dos ideais políticos e interesses pessoais interferiram na ética dos profissionais.


Palavras-chave


cinema; jornalismo; ética.

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