ANÁLISE BIBLIOGRÁFICA DOS COMPOSTOS BIOATIVOS DE CASCAS DE FRUTAS PARA USO NA MICROENCAPSULAÇÃO
Resumo
Introdução
O Brasil se destaca por ser um dos maiores produtores mundiais de frutas in natura, porém, por serem perecíveis, a grande parte das frutas sofre deterioração e são descartadas gerando resíduos orgânicos, no qual tem inúmeras finalidades (SANTOS et al., 2008). Para diminuir o desperdício, tem se estudado possibilidades para o seu reaproveitamento, como por exemplo, a microencapsulação. A microencapsulação é uma técnica a qual visa empacotar material sólido, líquido e até mesmo gasoso e tem sido aplicada em diversos segmentos, como por exemplo, indústrias de alimentos, farmacêuticas e de cosméticos, com o intuito de aumentar a utilização dos compostos bioativos nos produtos, protegendo o material envolvido (CHAMPAGNE; FUSTIER, 2007; SIEGRIST et al., 2007; DE VOS et al., 2010; SAUVANT et al., 2012; SECOLIN, 2014).
Metodologia
Este trabalho caracteriza-se como uma análise bibliográfica e para a realização desse estudo foi realizada uma revisão de literatura nos principais portais de pesquisa utilizando as palavras chaves “encapsulação”, “cascas de frutas” e “compostos bioativos”. O material bibliográfico adquirido foi avaliado e discutido pelos pesquisadores, que posteriormente elencaram as principais frutas de acordo com a relevância e utilização para a produção do presente trabalho.
Resultados e Discussão
As frutas a serem analisadas foram a banana, uva e o maracujá amarelo, pois através das pesquisas realizadas, observou-se que as mesmas são muito consumidas no Brasil e apresentam resíduo em grande potencial, sendo seu aproveitamento de muita importância e impacto.
Banana
A banana é a segunda fruta mais consumida no mundo, e a primeira a ser consumida no Brasil. A grande produção e consumo da banana geram resíduos excessivos, sendo sua deposição em locais impróprios, um alerta ao meio ambiente. A casca da fruta corresponde a 30% da massa total do fruto, e realizar o aproveitamento desse resíduo é muito importante (OLIVEIRA, 2019). Os compostos podem ser obtidos da casca da banana a partir do processo de extração e apresentam característica antioxidante, entre eles os compostos fenólicos, carotenóides e flavonóides (CHAGAS, 2020). Pereira (2015) realizou a quantificação dos compostos fenólicos e da atividade antioxidante in vitro da polpa e casca de banana, através do método de extração. A casca de banana apresentou elevado conteúdo de compostos fenólicos e pode ser considerada uma fonte renovável e de baixo custo para a obtenção de compostos bioativos antioxidantes. A casca da banana apresentou maior conteúdo de fenóis totais, flavonóides e atividade antioxidante do que a polpa. Através do estudo foi possível verificar que ambas amostras possuem compostos antioxidantes significativos e podem ser utilizados no desenvolvimento de novos produtos.Uva
A uva é a fruta com maior predominância de cultivo no Brasil, devido a grande produção de vinhos, sendo as espécies Vitis vinífera, para produção de vinhos finos e Vitis labrusca para elaboração de sucos e vinhos de mesa (RIBEIRO, 2016). Durante o processo de vinificação, tem-se como resíduo gerado, o bagaço da casca de uva, rico em compostos bioativos como polifenóis, flavonoides, antocianinas, entre outros compostos. O bagaço da uva é constituído por casca, engaços, sementes e restos da polpa, sendo a casca da uva a principal fonte de compostos bioativos. Os principais são os flavonóides (antocianinas, flavanóis e flavonóis), os estilbenos (resveratrol), os ácidos fenólicos (derivados dos ácidos cinâmicos e benzóicos) e uma grande variedade de taninos (Francis, 2000). Um estudo realizado por Sandra Regina Fernandes Iora (2014), obteve como resultado, a maior fonte de compostos fenólicos totais, flavonóides totais e antocianinas totais na casca de uva Cabernet Sauvignon, amplamente utilizada no Brasil, no processo de vinificação. No entanto, a casca de uva pode ser aplicada em produtos como potencial fonte de compostos bioativos para enriquecimento de alimentos e microencapsulação, beneficiando a saúde humana.
Maracujá
Maracujá, nome popular dado a várias espécies do gênero Passiflora (o maior da família Passifloraceae), vem de maraú-ya, que para os indígenas significa “fruto de sorver” (ITAL, 1994), é uma fruta muito cultivada e explorada em todo o território brasileiro, com ótimo retorno econômico. Dessa forma, despertando interesse dos fruticultores devido sua rápida produção em relação às demais frutíferas e pela grande aceitação no mercado (SAMPAIO et al., 2008). A casca e semente do maracujá, subprodutos da indústria de alimentos, podem apresentar características de interesse tecnológico e biológico (MARTINEZ et al., 2012), sendo que mais de 75% deste resíduo poderia ser transformado em ingrediente com propriedades bioativas para promoção de saúde (ARVANITOYANNIS, 2008). A casca do maracujá P. edulis apresenta em sua composição compostos fenólicos com atividade antioxidante e anti-inflamatória (ZERAIK et al., 2012), compostos fenólicos (TALCOTT et al., 2003) e pectina, uma fibra solúvel encontrada na entrecasca do maracujá e que promove retardo do esvaziamento gástrico, aumenta o poder de saciedade, retarda o tempo de absorção dos carboidratos simples, ajuda a normalizar a glicose sanguínea e os níveis de insulina, bem como complexa os sais biliares e o colesterol, aumentando sua excreção (OLIVEIRA, 2016).
Conclusão
Através das pesquisas realizadas sobre a polpa e a casca da banana, da uva e da casca e do bagaço do maracujá, concluiu-se que a casca da banana apresentou alto valor de compostos fenólicos e flavonóides totais. Já a uva siciliana, apresentou alto valor de compostos fenólicos e a polpa da uva Cabernet, alto valor de flavonóides totais. Para a casca e o bagaço do maracujá, obteve-se uma alta quantidade de compostos fenólicos totais para todas as partes da fruta. Esses resultados indicam que as três frutas analisadas são altamente propícias a serem encapsuladas para atividade bioativa.
Agradecimentos
Nossos agradecimentos vão à Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), ao Programa de Educação Tutorial (PET Engenharias) e ao FNDE.
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PDFReferências
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