JORNALISMO MÓVEL: O VÍDEO NÃO PRECISA SER NA HORIZONTAL

Ana Graciela Freitas, AUGUSTHO SOARES, MARCELO RODRÍGUEZ BARBOZA

Resumo


Introdução: Quando vamos ao cinema ou assistimos televisão, nos deparamos com a tradicional tela em proporção “paisagem”, em que a base do vídeo é superior a sua altura. Este formato centenário, criado por cineastas que buscavam padronizar as produções audiovisuais, é propagado até hoje pelos grandes veículos de mídia, que buscam consolidar o modelo perante as inovações tecnológicas. Porém, nos últimos anos, com a popularização de aparelhos móveis e a mudança no comportamento dos usuários de internet, a oferta de conteúdo em proporção “retrato”, ou seja, produzido para ser visualizado com o celular “em pé”, tem crescido exponencialmente. Para se adaptar a este novo momento tecnológico, plataformas de compartilhamento de vídeo online têm trabalhado para otimizar a visualização de conteúdo vertical. Assim, tem se aberto possibilidades para novos tipos de produções jornalísticas, que contrariam as diretrizes impostas pela mídia hegemônica. Um exemplo de prática que tem utilizado a narrativa vertical é o objeto de estudo desta pesquisa, o Full Circle, um programa do jornalista americano Anderson Cooper, transmitido ao vivo, em dias de semana, através do serviço Facebook Watch. Objetivo: O objetivo deste trabalho é analisar a edição mais assistida deste projeto até então e verificar vantagens e elementos únicos conquistados pela utilização do padrão “retrato”. Metodologia: Como dispositivo de análise para esta pesquisa foi utilizado o método crítico analítico, de cunho qualitativo e documental. Resultados: Analisando o programa, se percebe que o mesmo aproveita-se do espaço de visualização no formato “retrato” em diversos aspectos para a prática do jornalismo, o que permite ao público uma melhor visualização da imagem sem ter que girar o aparelho. Durante as entrevistas, por exemplo, a tela é dividida para transmitir várias câmeras simultaneamente. Na metade superior do vídeo, a imagem do âncora é colocada ao lado do entrevistado, que usa a câmera do próprio celular para se filmar. Já na metade inferior, são mostradas cenas de apoio sobre o assunto abordado. Os elementos gráficos também são espaços reaproveitados. Diferente de programas tradicionais onde as manchetes e descrições são inseridas na parte inferior do vídeo, o Full Circle utiliza a divisão ao meio da tela. É também neste local onde são colocadas as perguntas sugeridas pelos espectadores, as quais são reproduzidas pelo entrevistador como forma de interagir com o público. Conclusão: Somando estes fatores ao uso de uma linguagem (verbal e corporal) coloquial e a uma duração relativamente curta, quando comparada a telejornais transmitidos pelas grandes emissoras de televisão, o programa se aproxima de um público casual, o qual tem aumentado a cada ano que se passa, vendo que as pessoas têm permanecido mais tempo em frente aos dispositivos móveis e menos aos meios de comunicação tradicionais. Mesmo ainda sendo alvo de preconceitos da mídia e de uma parcela da população, com as adaptações dos reprodutores online e o crescimento de experimentos audiovisuais neste formato, os vídeos verticais estão aos poucos encontrando seu espaço no jornalismo e no meio cinematográfico.

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