(Re)construção da Identidade da Mulher Mastectomizada

RARIANE MELLO, CRISTIANO SANTOS

Resumo


O câncer de mama é o tipo de câncer que mais acomete mulheres em todo o mundo influenciando diretamente na qualidade de vida, no bem estar físico e psicológico, além dos relacionamentos sociais, pois muitas vezes torna-se necessária a retirada de uma ou ambas as mamas, por meio de intervenção cirúrgica, chamada de mastectomia. A mulher, quando submetida à cirurgia, experimenta uma reconstrução de sua identidade, pois ao ser mutilada, deixa de ser quem era para ser um produto de sua própria sobrevivência. Deste modo, a identidade está atrelada também ao corpo e, assim, as mudanças do corpo podem suscitar a necessidade de reconfiguração de um novo “eu” a partir de um novo corpo. O objetivo do estudo foi promover uma reflexão sobre a reconstrução da identidade da mulher mastectomizada. Trata-se de uma reflexão teórica, com apoio na literatura sobre a temática. Como resultados foi possível verificar que as mulheres que realizam uma mastectomia apresentam mudanças complexas e multidimensionais em seus hábitos de vida, inclusive em sua percepção e definição de si mesma. Experimentam transformações biopsicossociais, necessitando, assim, de suporte familiar e profissional interdisciplinar para a (re)construção de seu novo eu, agora mastectomizado. Os principais sentimentos apresentados por estas mulheres foram negação, incompreensão sobre a mutilação sofrida, vergonha, despadronização pessoal e social, auto desvalia, depressão, dificuldade de aceitação e fragmentação de sua identidade, entre outros. A mulher, ao tornar-se mastectomizada, se percebe como alguém que foge à normalidade das demais pessoas de seu convívio sociocultural e procura redes de apoio que lhe possibilite não se sentir tão diferente e distante de seus antigos padrões. Entre estas redes destacam-se o apoio familiar, a religiosidade, atividade física, cirurgia plástica e suporte técnico-profissional, principalmente por parte de enfermeiros, pois estes são os profissionais que mais estão preparados para atuarem frente à agravos de saúde multidimensionais. Neste sentido, a atuação dos enfermeiros não deve ser direcionada somente por um modelo de assistência à saúde que tenha o corpo como seu foco. É preciso uma visão integral da mulher que recebe seus cuidados, auxiliando-a a mobilizar seus recursos próprios, desenvolvendo estratégias que lhe possibilite uma adequada reestruturação para o enfrentamento à nova condição. Conclui-se destacando que a mastectomia mostra-se como um evento singular e complexo que abala a integralidade da mulher, fazendo com que ocorra uma reconstrução de sua identidade. Os Enfermeiros, por meio de seus instrumentos multidimensionais de intervenção, são capazes de potencializar aspectos favoráveis para uma adequada aceitação e adaptação à mastectomia, trabalhando de forma proativa no processo de (re)construção da identidade.

Palavras-chave


Mastectomia; Identidade; Enfermeiros

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