ACIDENTE OFÍDICO POR SERPENTE DO GÊNERO BOTHROPS EM CÃO

SABRINA DOS SANTOS BENETT, Eduardo Garcia Fontoura, Graciéle Santos do Couto, Scarlette Bardim Arebalo, Dandara do Amaral Roberto, Izadora Pereira Machado

Resumo


As serpentes peçonhentas que acometem animais domésticos com maior frequência no Brasil são do gênero Bothrops, o cão, devido ao seu comportamento curioso está mais susceptível a estes acidentes. A inoculação do veneno ocorre através da dentição especializada das serpentes, sendo que os locais normalmente atingidos são focinho e pescoço, no canino. O prognóstico dos animais envenenados pode variar entre o período de tempo da picada e o tratamento ou conforme a quantidade de veneno inoculado. O objetivo deste trabalho é descrever um relato de acidente ofídico em cão, atentar sobre as possibilidades de tratamento e prognóstico destes pacientes. Durante a rotina clínica do Hospital Veterinário da Universidade da Região da Campanha foi atendido um canino da raça Cimarron, macho, com aproximadamente quatro anos de idade, pesando 29kg, não vacinado ou vermifugado. O motivo pelo qual se procurou auxílio veterinário foi um acidente ofídico por picada de cobra do gênero Bothrops, na zona rural do município. Durante o exame clínico observou-se edema acentuado em face e região cervical do paciente. Além disso, foi verificado sangramento gengival, dispneia inspiratória com taquipneia e taquicardia, temperatura corporal de 39.4ºC, e demais parâmetros dentro do fisiológico. Ainda, amostras sanguíneas foram coletadas e enviadas para análise laboratorial, com o intuito de acompanhar os parâmetros hematológicos, hepático e renal. A terapia foi determinada através de fluído com ringer lactato de sódio para correção da hidratação, para evitar contaminação bacteriana secundária foi realizada limpeza do local da ferida com sabão neutro e uso de antimicrobiano a base de cefalexina 30mg/kg e furosemida 1mg/kg. Foi acrescido o soro antiofídico polivalente, o qual constitui a principal terapia para tratamento, sendo importante administrar o mais rápido possível já que sua ação neutralizante só se verifica sobre o veneno circulante. Além disso, foi instituída terapia com cloridrato de tramadol 2mg/kg devido à reação local cursar com dor intensa. Após a terapia instaurada, o paciente permaneceu internado para observação e fluídoterapia. Mesmo que não recomendado, por motivos econômicos, o tutor optou por cuidados no domicílio, visto que o animal já apresentava sinais de melhora, como a ingestão de alimento e água regularmente. Sempre é recomendado que se leve junto ao acidentado a serpente, ainda assim, os sinais clínicos do paciente foram condizentes com o histórico e questionamentos obtidos durante a anamnese. O tratamento recomendado para pacientes envenenados por cobras peçonhentas é baseado na administração de um soro antiofídico específico e suporte para demais manifestações clínicas. A limpeza do local da ferida e antibióticoterapia de amplo espectro são recomendados, visto que na cavidade oral das serpentes proliferam microrganismos patogênicos podendo causar infecção bacteriana secundária ao paciente. O prognóstico varia conforme a quantidade de veneno inoculado e o tempo da administração dos medicamentos, o acompanhamento do perfil renal deve ser periódico, pois a insuficiência renal aguda é uma das principais causas de complicação e óbito para os animais acidentados. Por fim, podemos salientar que o tratamento eleito se mostrou eficiente para a recuperação do paciente, mesmo diante de um prognostico desfavorável.


Palavras-chave


Envenenamento. Canino. Cruzeira. Ofidismo.

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