INFECÇÃO NATURAL POR Trypanosoma evansi EM CÃES NA FRONTEIRA OESTE

AMANDA DA ROSA AZAMBUJA, ANA LUIZA CABRAL RISCH, VIVIAN CLODIR ARANDA PERES, PÉTER DE LIMA WACHHOLZ, REGINA CÉLIS PEREIRA REINIGER

Resumo


Introdução: Os microrganismos do gênero Trypanosoma são protozoários causadores de várias doenças em humanos e animais, se caracterizam principalmente pela sua presença intermitente no sangue causando anemia, em alguns casos pode ocorrer alta mortalidade em surtos da doença. O Trypanosoma equiperdum, T. evansi e T. brucei fazem parte da secção salivaria que são aqueles transmitidos mecanicamente pela picada de vetores biológicos, ainda que a transmissão do T. equiperdum ocorra principalmente pelo coito e eventualmente por vetores. O Trypanosoma evansi na América do Sul causa em equinos a doença conhecida como “mal das cadeiras”, e também pode levar a infecções agudas em várias espécies. Esse protozoário já foi observado no sangue de cavalos, camelos, burros, bovinos, zebuínos, caprinos, suínos, cães, búfalos, elefantes, capivaras, quatis, antas, veados e pequenos roedores silvestres. Os humanos eram considerados refratários a este flagelado, até meados de 2005, no qual houve o primeiro relato.Entretanto, os animais que desenvolvem a doença são os cavalos, muares e cães. A transmissão ocorre mecanicamente por moscas hematófagas dos gêneros Stomoxy ssp e Tabanus spp., também existem citações da possibilidade de morcegos hematófagos participarem. Outra forma descrita de transmissão seria a oral, sendo a principal em casos de carnívoros. Objetivo: O objetivo deste trabalho foi relatar a infecção natural por Trypanossoma evansi em cães, oriundos da fronteira oeste do Rio Grande do Sul. Metodologia: Foram enviadas sete amostras de esfregaços sanguíneos, ao laboratório de Análises Clínicas do Curso de Medicina Veterinária da Universidade da Região da Campanha, Bagé, durante o ano de 2016 e início de 2017. As amostras foram coradas pelas técnicas de Giensa e Romanowsky, sendo a última conhecida como Panótico Rápido®, após as lâminas prontas, a leitura ocorreu em microscópio de campo claro, com as objetivas de 40 e 100 vezes. As amostras foram enviadas pelo Clínico que estava tratando os animais, na cidade de Santana do Livramento/ Brasil e Rivera/Uruguai. Os cães eram de diferentes idades, sexo e sem raça definida, sendo que o aspecto em comum, foi a atividades dos mesmos para caça de Javali. Resultados: As primeiras amostras, dois casos, os cães apresentavam sintomas como edema nos membros distais, apatia, perda de peso, pelame ressecado. Em um dos animais observou-se a presença de esplenomegalia. As amostras dos meses subsequentes, eram de animais com sintomatologia semelhante, sendo que em uma mesma propriedade 14 cães vieram a óbito antes do diagnóstico. Dos sete animais coletados, 4 tiveram resultado positivo para a presença de protozoários do gênero Trypanosoma, após a observação de esfregaços sanguíneos, pelas características morfológicas do agente, determinou-se que era sugestivo do Trypanosoma evansi. Conclusão: Em base ao exposto, suspeita-se de que os animais tenham contraído o agente pelo contato com o sangue do javali, possível reservatório natural, que carreava a forma infectante do protozoário ou podendo ocorrer também pela transmissão vetorial do agente. Este relato gera dúvidas em relação a outros possíveis reservatórios naturais do Trypanosoma, e exige maiores estudos dessa doença.


Palavras-chave


Tripanosomíase, Cães, Caça

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