DESENHOS E MAQUETES COMO PERCEPÇÃO DA REALIDADE COMUNITÁRIA

Resumo

O presente trabalho desenvolveu-se a partir do estágio voluntário no Projeto Crescer na cidade de Dom Pedrito, na investigação da narrativa e observação de jovens moradores, quanto a ocupação qualitativa da localidade, traços de sociabilidade, sentimentos de identidade e pertencimento que possuem do lugar que habitam. Este projeto tem como escopo promover atividades que proporcionem oportunidades de crescimento e desenvolvimento dos participantes rumo à cidadania, comprometimento, respeito à diversidade, consciência social e sustentabilidade.  As atividades foram realizadas com crianças do bairro Dr. José Tude de Godoy, entre 11 e 13 anos, de ambos os sexos, em grupos multidisciplinares, onde estagiários dos cursos: psicologia, fisioterapia, administração e engenharia civil contribuíram para o desenvolvimento biopsicossocial dos participantes. Para a referida prática, os participantes foram estimulados a conhecerem sua comunidade, bem como exercerem sua crítica às condições sociais em que estão inseridos. Ao longo do dinâmica foram realizados desenhos que relataram a percepção que cada um teve de seu bairro, bem como um trabalho de campo, onde os alunos fizeram registros fotográficos, demonstrando seus olhares, sendo eles positivos e negativos, da realidade estrutural do bairro, norteando a construção das maquetes. Para efetuar esta construção, foram utilizados materiais recicláveis como embalagens pet, cartolinas, papel cartão, isopor, entre outros, levados por eles mesmos, contribuindo para consciência e sustentabilidade social. Observou-se a identificação das demandas estruturais da comunidade, pontuando as vias públicas com condições ruins de trafegabilidade e a dificuldade na conservação do patrimônio edificado da comunidade, sendo eles: escolas, igreja, campo de futebol, praça de brinquedos, e o centro comunitário, apontado pelos alunos. As reflexões se revelaram a partir de um processo de apropriação dos usuários pelo espaço, onde os mesmos estabeleceram uma relação de identidade e pertencimento tanto concreta quanto subjetivamente com o espaço. As atividades também proporcionaram o desenvolvimento de habilidades individuais e grupais, e o uso da criatividade para reconstrução lúdica desses patrimônios. Podemos compreender que o indivíduo constrói espaços para si, concreta e/ou subjetivamente, e estabelece relações de pertencimento e identificação, bem como exerce sua sociabilidade. Despertar e desenvolver este senso de pertencimento é fundamental para a preservação do patrimônio e as relações sócias, intervindo positivamente no sentido de corrigir os aspectos negativos da cidade.