URETROSTOMIA DISTAL PARA REPARAÇÃO DE CASTRAÇÃO MALSUCEDIDA EM UM EQUINO – RELATO DE CASO

Resumo

Introdução:A uretrostomia em equinos é realizada para facilitar o fluxo urinário de forma transitória em casos de procedimentos envolvendo o trato urinário, ou de forma permanente em animais com lesões crônicas. A técnica frequentemente utilizada é de uretrostomia perineal, podendo ser optada pela uretrostomia distal escrotal ou preescrotal, em casos de obstruções extrapelvianas.Objetivo: O objetivo desse trabalho é relatar a reparação de uma castração malsucedida em um equino através de uretrostomia distal escrotal permanente. Metodologia: Chegou para atendimento no Hospital de Clínicas Veterinárias da URCAMP – Bagé/RS um equino de aproximadamente 2 anos, pelagem colorada, sem raça definida, proveniente da periferia da cidade. O proprietário relatou que o animal havia sido castrado há aproximadamente dois meses, sendo que desde então, produziu um aumento de volume significativo na região do escroto, o qual rompeu, liberando constantemente urina. O procedimento, também segundo relato, foi realizado por uma pessoa não especializada, a fim de minimizar os custos. Ao exame físico, percebeu-se laceração da pele do escroto e períneo, relaxamento completo do pênis, liberação de urina através de uma fenda uretral na região do escroto, além de extensa área de necrose em toda a região acometida. Foi percebido, então, que o procedimento havia cursado com secção errônea da uretra e do músculo retrator do pênis. Uma abordagem cirúrgica inicial foi realizada para debridar o tecido necrótico e permitir a organização e cicatrização da área lacerada. Apesar de o pênis estar completamente afuncional, foi optado por não realizar a amputação em um primeiro momento, já que a presença de necrose no local comprometeria a recuperação e higiene da área cirúrgica. O tratamento local foi instituído com o uso de açúcar cristal, como cicatrizante, associado a iodo tópico a 2%, como antisséptico. Após três semanas com o tratamento local, percebeu-se ausência de necrose e contração significativa da ferida, permitindo então, a realização de novo procedimento cirúrgico. Foi realizada a amputação completa do pênis com remoção dos remanescentes prepuciais, aplicando-se sutura com fio de nylon® 0 no local. Neste momento realizou-se a uretrostomia para permitir a eliminação de urina para o exterior, sem manter contato com a pele. Diferente da técnica padrão de uretrostomia perineal descrita por Auer & Stick (2006), no presente relato foi realizada uretrostomia distal escrotal, evitando gotejamento residual de urina para a pele dos membros posteriores. O animal foi mantido sondado até a completa cicatrização da mucosa uretral com a pele. Resultados: Após um mês de realização do procedimento de uretrostomia, o animal apresentou completa recuperação cicatricial do local e também da laceração inicial. O equino adota posição regular de micção, permitindo a liberação da urina através da abertura escrotal da uretra, sem contato direto com a pele. Conclusão: No caso descrito, a uretrostomia distal escrotal foi eficaz em facilitar a liberação de urina de um equino com amputação completa de pênis, de maneira permanente.