FACOEMULSIFICAÇÃO EM SAMOIEDA DIABÉTICO

DANDARA DO AMARAL ROBERTO, Luis Felipe Dutra Corrêa, Maurício Machado Carllosso, Sabrina dos Santos Benett, Graciéle Santos do Couto, Scarlette Bardim Arebalo

Resumo


O globo ocular e é composto por três túnicas que contêm os meios transparentes internos denominados humor aquoso, cristalino e vítreo. Tais meios atuam na função de transmissão e refração da luz para a retina e, também, na manutenção da pressão intraocular. As principais estruturas refrativas do globo ocular são a córnea e o cristalino devido a sua curvatura e potencial de refração. A catarata, condição frequente em cães, é definida como a opacidade do cristalino ou de sua cápsula e possui diversos parâmetros de classificação que vão desde a idade do animal até causas etiológicas (hereditária, nutricional, tóxica, traumática). Existem ainda vários tipos de cataratas hereditárias primárias e secundárias em cães e grande parte delas é raça-específica. Dentro do que se considera etiológico, a diabetes mellitus, doença crônica e sistêmica resultante da deficiência de insulina, é um achado clínico recorrente na clínica veterinária. Nesta situação, os níveis de glicose no humor aquoso aumentam e uma quantidade maior de glicose passa para ao interior do cristalino causando inflamação, afetando a integridade das proteínas e modificando suas propriedades ópticas, resultando na diminuição progressiva da visão. Atualmente, a técnica de eleição para remoção da catarata é a facoemulsificação, que consiste na fragmentação do cristalino, com posterior aspiração do material emulsificado e permite a remoção da catarata através de uma de incisão de cerca de 3 mm, facilitando a cicatrização e diminuindo o período de recuperação.  Este trabalho tem por objetivo relatar o caso de um canino da raça Samoieda, do sexo feminino, pesando 27 quilos que chegou para atendimento no instituto de oftalmologia veterinária com queixa de estar se batendo. Durante a inspeção o animal apresentava-se indiferente ao ambiente. Ao exame oftalmológico o paciente apresentava hiperemia conjuntival ativa, pressão intraocular diminuída (8mmHg) e leucoria, diante disso, instilou-se colírio a base de Tropicamida 1% e, após midríase, observou-se opacidade difusa do cristalino, sendo compatível com o diagnóstico de catarata no olho esquerdo. Diante disso foi coletado sangue para exames pré-cirurgicos e realizado ultrassonografia ocular, na qual se evidenciou ecos na região da lente, confirmando o diagnóstico. Um exame de eletrorretinografia demonstrou o potencial de ação favorável à cirurgia de remoção de catarata. Por se tratar de um paciente diabético, no dia da cirurgia o animal teve a glicemia verificada antes da medicação pré-anestésica (180mg/dl), durante a anestesia (375mg/dl) e após a anestesia (21mg/dl) com o intuito de evitar alguma descompensação. O procedimento para remoção da catarata foi realizado pela técnica de facoemulsificação. No pós-operatório o paciente recebeu Dipirona (27 gotas, BID, VO) como analgésico e instilação de colírios a base de Gatifloxacino (3mg/ml), Prednisolona (10mg/ml) e Nepafenaco (1 mg/ml) no olho operado. O animal foi liberado sob orientações e, segundo o proprietário, após 48h do procedimento já demonstrava sinais de retorno da visão. No exame oftalmológico de retorno o animal apresentou teste de ameaça positivo, o que não existia anteriormente, desde modo, foi possível apontar o efeito satisfatório da facoemulsificação na cirurgia de remoção de catarata em cães diabéticos.


Palavras-chave


catarata; diabetes; oftalmologia.

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